Educação
Falta conscientização e também lixeiras
Estudantes têm depositado nos canteiros da redondezas as cascas das frutas recebidas no Restaurante Universitário
Gabriel Huth -
Duas mil frutas são distribuídas diariamente aos estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) no novo Restaurante Universitário, instalado em maio na Santa Cruz. E isso é muito bom: estimula uma alimentação saudável aos acadêmicos. Mas acontece que as cascas destes alimentos, muitas delas, têm sido depositadas nos canteiros das ruas próximas, em depósito que não é o recomendado - principalmente tendo em vista essa elevada distribuição cotidiana.
O argumento que as cascas de frutas viram húmus é palavra ao vento, na verdade. De acordo com o Grupo de Agroecologia da UFPel, se largados em grande quantidade diretamente em canteiros da via pública, estes resíduos, além de sujarem a cidade, causam acidificação do solo e liberação de chorume. O mais indicado, nesse caso, é juntá-los em um lugar apropriado para compostagem, onde também deve estar presente uma palha seca para controle dos gases, evitando o mau cheiro. "Isso é uma prática que pode ser feita em casa com o lixo doméstico e, no caso do RU, se as pessoas levassem suas cascas até em casa", indica Fabrício Sanches, membro do grupo de pesquisa.
Em um começo de tarde, uma estudante do curso de Conservação e Restauro utilizou do argumento da transformação em húmus para justificar à reportagem do Diário Popular que achava ser o certo depositar as cascas diretamente nos canteiros. "Achava que fazia bem, eu coloco sempre nas minhas plantas em casa." Ela é exemplo de que talvez o que falte seja uma campanha de conscientização para os estudantes. A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) afirmou que deve começar nesta semana uma iniciativa de educação ambiental com os acadêmicos.
O órgão da UFPel também notificou a Eirelli Refeições Norte Sul, empresa responsável pela administração do RU, para que encontrasse uma solução para o problema. A saída foi a instalação, na semana passada, de uma lixeira específica para cascas de frutas, bem sinalizada, logo na saída do restaurante.
Defasagem
A impressão é de que realmente o problema diminuiu, mas não foi solucionado por conta de um antigo problema de Pelotas: a baixa quantidade de lixeiras nas ruas da cidade. Os estudantes costumam levar as frutas quando deixam o local e, ao procurarem locais para depositar os restos, não os encontram. "Acho que botar no chão é errado de qualquer jeito, mas desde que cheguei aqui notei que é difícil encontrar cestos de lixo", comenta a paulistana Fernanda Gomes, acadêmica de Engenharia Madeireira. "E quando tem, é aquele grande, para colocar todo tipo. Não tem onde colocar o lixo seco", completa a colega, Fernanda Keller.
A pasta responsável pela instalação de lixeiras nas vias públicas é a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). O responsável por ela, Fernando Fernandez, relata que a demanda é recente, mas deve ser atendida dentro de dez dias, quando novas cestas chegarão. "É um problema que não tínhamos. Com a mudança do restaurante para este novo local e a falta de educação dessas pessoas, vamos colocar", diz. Ele não soube precisar, porém, quantas lixeiras a cidade possui atualmente.
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